quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Educação Popular em Direitos Humanos para Crianças no PASES - 2ª PARTE

Toda perspectiva de educação na linha paulofreiriana exige o conhecimento da realidade da comunidade para realização do trabalho. Embora tivéssemos visitado a comunidade por mais de duas vezes antes da primeira oficina, eu e Veridiana sentimos, na primeira oficina propriamente dita, que era imprescindível conhecer a família das crianças e dos adolescentes com quem estávamos desenvolvendo o trabalho. A abordagem ideal seria a visita familiar in loco. Entretanto, diante do curto espaço de tempo, resolvemos convidar os pais e mães para uma reunião.
Infelizmente, poucos compareceram, mas o diálogo foi rico com os que ali estavam. As necessidades preementes da Comunidade são imensas, tendo em vista que se trata de um lugar esquecido há anos pelo Estado e carente em todas as áreas da política pública. Conversamos individualmente com cada um dos responsáveis, que nos relataram preocupações com o uso de drogas, abuso sexual, gravidez indesejada, estudos, trabalho, transporte, falta de escola, posto de saúde, creche, entre outras coisas.
A partir da fala dos pais e da fala das crianças na primeira oficina,  pude traçar um plano para abordar a questão do preconceito social, étcnico e também a inclusão de pessoas com deficiência.
Iniciamos a oficina com o slide "Tudo bem ser diferente". Na primeira oficina, alguns reclamaram dos apelidos ruins que tinham em sala de aula e na comunidade e pudemos conversar sobre isso de forma divertida.



Após o slide, passamos dois filmes da Turma da Mônica. Desta vez, conseguimos um data show emprestado e as crianças puderam se deliciar com o vídeo.

O primeiro chama-se "Os Azuis". De forma lúdica e engraçada, Maurício de Souza compartilha o dia em a Mônica acordou sendo a única "branca" da cidade. Todo mundo era azul, menos ela. Por aí, pudemos conversar sobre sentimentos de rejeição, sobre o preconceito e o que fazemos com o outro quando não o aceitamos como ele é.



Seguimos com o segundo vídeo, onde Maurício de Souza cria um personagem cadeirante. O vídeo retrata a questão da deficiência de forma leve e verdadeira. As crianças ficaram impressionadas com as pessoas que conseguem jogar capoeira sem pernas e com a perna mecânica do campeão de tênis.


Ao final dos vídeos conversamos e escutamos o que cada um entendeu ou pensou a respeito de cada um dos vídeos que assistimos. As crianças gostam muito de desenhar e brincar com massinha. Por isso, distribuimos papéis, canetinhas, massinhas, lápis e o resultado foram desenhos que falam por si só.





Adriana Monteiro da Silva

Relatório PEPDH – Penitenciária Feminina do Distrito Federal

Esse relatório visa descrever o andamento do projeto na comunidade carcerária da Penitenciária Feminina do Distrito Federal. Houve cerca de quatro reuniões realizadas na comunidade carcerária. Na primeira reunião ficou acordado entre a diretora da penitenciária feminina e nós, Claudia e Juliana, monitoras responsáveis pela execução do projeto que trabalharíamos com cerca de quinze mulheres. E que, a princípio, ficaríamos por conta das oficinas às terças-feiras.
Após conversar com a Ivone, diretora no Núcleo de Ensino do presídio, ela decidiu que trabalharíamos com a professora de teatro, Janilce, pois como vimos que a demanda de exercícios ligados à saúde e à consciência corporal era alta, em vista da grande ociosidade que as mulheres sofrem dentro do sistema carcerário, resolvemos trabalhar com algumas técnicas do Teatro do Oprimido, que através de jogos teatrais, procura por via do corpo, estabelecer um contato da mulher em condição de encarceramento, ou seja, com direitos limitados, para sensibilizá-la a olhar sua própria condição de opressão, causando uma possível tomada de consciência e reduzindo a reincidência carcerária. E tal técnica foi escolhida também como meio de “seduzi-las” a participarem das oficinas, já que envolvem atividades mais dinâmicas que simplesmente assistir a aulas palestrais.
Após contato com Janilce, professora de teatro, foi de comum acordo entre nós que trabalharíamos com as mulheres às sextas-feiras, no horário de 13h00min as 18h00min. Na primeira oficina, entrevistamos as mulheres de uma maneira bem informal, sentamos em círculo, e iniciamos um bate-papo, após elas relatarem suas histórias de vida, e o caminho pelo qual se encontram na situação de encarceramento, vimos que duas demandas mais urgentes se sobressaíram. A primeira era trabalhar a condição da auto-estima, e da dignidade de ser mulher, pois, todas as as presentes tinham sido presas por levarem drogas aos seus maridos na Papuda (presídio masculino), então, podemos ver que o amor pelo companheiro as levava a comprometer sua própria condição vital de liberdade, embora, claro, essa não fosse a única causa.
A segunda causa que identificamos, na verdade, mais primária, foi a necessidade financeira, pois foi relato geral por parte de todas que a baixa escolaridade e o alto número de filhos, identificados em alguns relatos, eram condições que as mantinham afastadas das possibilidades de arrumar emprego. Logo, elas se vinham sem caminho, e como não tinham coragem de pegar em armas para realizar assaltos, o meio mais rentável era a comercialização de drogas dentro do presídio masculino, pois assim, poderiam manter as necessidades da família, e cuidar das crianças ao mesmo tempo (relato delas).
Diagnosticamos então que é de vital importância para as oficinas trabalhar com elas caminhos lícitos para que elas não se tornem reincidentes no sistema carcerário. Logo, pensamos em ir a órgãos como a FUNAP – Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso para nos informar acerca da possibilidade de assistência desse órgão, e sobre os direitos de cada uma delas após o cumprimento da pena e o PRONASCI – Programa Nacional de Segurança com Cidadania. Logo, prevemos que as próximas oficinas devem trabalhar primeiramente, a questão corporal, através do teatro, com textos que tratem questões de gênero abordando a condição das mulheres na sociedade, a sexuação das funções do trabalho, e de demais atividades, e história das mulheres no Brasil. E questões de gênero ligadas à saúde sexual, como elas podem se prevenir de DSTs, e também trabalhar dentro da perspectiva de gênero a situação da “lesbiandade temporária”, pois é muito comum que elas se envolvam sexualmente com as amigas de cela, e demais presidiárias, toda vida, sentem isso como uma condição “anormal” da sexualidade dentro delas.              

Claudia Jeane e Juliana Gonçalves

Projeto Educação Popular em Direitos Humanos

Projeto EDUCAÇÃO POPULAR E DIREITOS HUMANOS: CAPACITAÇÃO DE ATORES SOCIAIS NO DISTRITO FEDERAL E ESTADO DE GOIÁS

A proposta ora apresentada visa a realização de Curso em Educação Popular e Direitos Humanos, voltado para atores sociais de comunidades caracterizadas pela vulnerabilidade social, localizadas no Distrito Federal e no Estado de Goiás.

Nesse sentido, a presente proposta afirma a temática “Educação Popular” como ferramenta indutora dos Direitos Humanos, assim como apresenta os custos estimados para a realização das ações.

Assim, o projeto apresenta como objetivos aqueles em consonância com os próprio objetivos da educação popular, que são: a) o primeiro, “coloca a educação popular integrando um processo mais amplo de atuação junto ao povo, do qual fazem parte atividades culturais, educativas, pedagógicas” (ALFONSIN, 2005, p.1) visando “a efetivação dos Direitos Humanos, ou seja, a realização histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades” (MIRANDA, 2007, p. 63-64); b) o segundo, operacionalizado através da práxis sobre o saber, a universidade, sua estrutura e sua função, possibilita que a educação popular seja instrumento indispensável à produção de um saber emancipatório e contextualizado com o seu tempo e espaço.

O projeto então prevê a capacitação de 500 atores sociais residentes no Distrito Federal e Goiás, visando o empoderamento e organização sociais através da educação popular e a constituição de núcleos comunitários de direitos humanos.

Por fim, evidencia-se que a presente proposta está conectada com o Programa Nacional de Direitos Humanos 3, instituído pelo Decreto 7.037/2009, que consolida a perspectiva do reconhecimento da educação não formal, também reconhecida como educação popular, como política pública norteadora de ações capazes de tornarem a educação espaço de defesa e promoção dos direitos humanos, quando afirma o compromisso do Estado brasileiro de incentivar e apoiar iniciativas de educação popular em Direitos Humanos desenvolvidas por organizações comunitárias, movimentos sociais, organizações não-governamentais e outros agentes organizados da sociedade civil, além apoiar e incentivar a capacitação de agentes multiplicadores para atuarem em projetos de educação em Direitos Humanos.¹

 

¹b) Apoiar iniciativas de educação popular em Direitos Humanos desenvolvidas por organizações comunitárias, movimentos sociais, organizações não governamentais e outros agentes organizados da sociedade civil. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério da Justiça; c) Apoiar e promover a capacitação de agentes multiplicadores para atuarem em projetos de educação em Direitos Humanos. Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

 

Núcleo de Estudos para a Paz

domingo, 28 de agosto de 2011

Cronograma de atividades na Escola Holanda - Juventude Rural de Goiás

COMUNIDADEJuventude Rural (Assentamentos da Cidade de Goiás)

Público: Jovens dos diversos Projetos de Assentamentos da Cidade de Goiás (Assentamento Baratinha, Assentamento Mosquito, Assentamento Dom Tomas Balduíno, etc), alcançando mais de 10 assentamentos da região.
A escola Holanda possui mais de 300 jovens em processo de alfabetização, com idade entre 12 e 20 anos.
Público específico: alunos/as entre o 6º e 9º ano.
A equipe de professores é formada por 25 educadores, sendo que a escola funciona desde o ano de 2005.
Local das atividades: Projeto de Assentamento Holanda (Escola Holanda)
Datas:

Juventude Rural Escola HOLANDA (Assentamentos da Cidade de Goiás)
1º  Encontro30.083ª Feira *
2º  Encontro14.094ª Feira
3º  Encontro20.093ª feira
4º  Encontro03.102ª Feira
5º  Encontro18.103ª Feira
6º  Encontro31.102ª Feira
7º  Encontro08.113ª Feira
8º  Encontro22.113ª feira *
9º  Encontro28.112ª Feira
10º  Encontro06.123ª Feira
 
Claudio Porto

Trabalho com Adolescentes no PASES

 Fiquei sabendo da Existência do Projeto Assistencial Sementes da Esperança  – Pases,  através de uma nova amiga de trabalho, Ivone Gazola, na qual preside a instituição, conheci Ivone na OnG Berço da Cidadania, onde desenvolvo um trabalho em psicologia, assim como estávamos nos conhecendo surgiu o interesse de conhecer o projeto da comunidade Quinta dos Amarantes, Ivone uma mulher de fé e coragem, sua alma religiosa semeia muitas sementes, ajudando na formação de muitas crianças e adolescentes daquela comunidade.
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     O namoro com esta comunidade para o desenvolvimento do projeto se deu facilmente e logo nos enamoramos desta rica parceria A primeira conversa com os dirigentes e educadores do PASES foi para apresentar o projeto, indicando objetivos, metas e a forma de trabalho. 
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     A primeira oficina naquela comunidade foi agendada em função de uma festividade na qual achamos propicio participar para conhecer a comunidade e apresentarmos para a comunidade a proposta de capacitação em Educação Popular e Direitos Humanos. 
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     Nesta oficina levantamos noções iniciais de Educação popular e Direitos Humanos – com o objetivo de levantar uma chuva de ideias de temas geradores. O que aquela comunidade precisa e quer saber sobre os direitos humanos. 
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     Nosso terceiro momento, e segunda oficina foi a retomada da chuva de ideias dos temas geradores, levantados na oficina passada, Educação Popular e Direitos Humanos. O Objetivo foi construir coletivamente com os adolescentes de temas geradores, o cronograma de oficinas,  esclarecimento da metodologia de trabalho e eleição de dois representantes da turma.
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    O quarto momento do projeto foi uma reunião agendada com os pais no período noturno, com a finalidade de inscrever as crianças no projeto, esclarecendo também os objetivos, forma de trabalho e parcerias.
     
    A terceira oficina temática aconteceu em 27/08 onde se trabalhou a construção da identidade do jovem, adolescente, a subjetividade, o individual e coletivo. Nesta oficina aplicou-se uma dinâmica na qual o adolescente desenha um personagem, mas ao descrever as ações propostas na atividade ele consegue verbalizar suas paixões, anseios, comportamento e sentimentos e sonhos.

    Veridiana Lopes

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Escola Holanda e a Juventude do Campo


   Esta tarde estivemos Claúdio, Elenízia, a pequena Luara* e eu na Escola Holanda para os acertos finais sobre a primeira intervenção junto à Juventude do Campo. A escola se localiza no Assentamento Holanda, a 14 km do centro da Cidade de Goiás. Na verdade ela é uma adaptação da sede da fazenda de mesmo nome que foi repartida para fins da Reforma Agrária, e por isto não é uma estrutura exatamente adequada para ser uma escola. Ainda há crianças e adolescentes que estudam num antigo curral, transformado em  três salas de aula.
Salas de aula da Escola Holanda - Cidade de Goiás.

  A situação precária da estrutura da escola é um pequeno retrato da realidade da escolas do campo do nosso país. Mas é preciso dizer que a estrutura principal acaba de ser reformada, o que é muito importante para a autoestima dos/as estudantes e dos/as professores que ali trabalham. Conhecemos pela primeira vez a escola (Cláudio e eu) quando estava vazia e ainda sob reparos. Ela foi reformada por assentados/as que tem filhos/as que estudam na escola, que mesmo a serviço da prefeitura, faziam com criatividade as tarefas de restauro da escola, apesar da falta de condições (materiais para continuar a reforma etc.) o que demonstrou um sentimento de pertencimento com a escola.

Escola Holanda depois dos reparos.


Reunião com educadoras e educador da Escola.

  As ações do Projeto vão se inciar a partir da semana que vem, e estivemos lá para finalizar com as educadoras e educadores presentes o cronograma e a metodologia dos dois primeiros encontros. Construiremos nossas atividades junto aos/às estudantes do 7º, 8º e 9º período da escola, mais os educadores que trabalham com essas turmas. Seremos aproximadamente 60 pessoas, somando Cláudio, Elenízia e eu. Apresentamos uma proposta de metodologia para nos aproximarmos um pouco mais da realidade deles/as, o diagnóstico rural participativo, na verdade uma releitura nossa dessa abordagem.
Conhecendo a dinâmica da Escola.

   Por fim, preciso esclarecer quem seja a Elenízia. Ela é consultora do SEBRAE que presta Assistência Técnica e Social em oito assentamentos da região do Vale do Rio Vermelho. Será parceira nessa nossa caminhada, além de ter sido fundamental para conseguirmos entrar institucionalmente na Escola. É também cantora profissional e militante da cultura na Cidade de Goiás e no Estado também.
Elenízia, parceira do SEBRAE.


   Pessoalmente, estou muito ansiosa em avançar nesse relacionamento. Chega de namoro, risos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Cronograma PASES - Para quem quiser acompanhar as oficinas...




Projeto: Educação popular e direitos humanos: capacitação de 500 atores sociais no Distrito Federal e no Estado de Góias.


Cronograma de oficinas
Comunidade : PASES
Endereço: CEILÂNDIA RURAL Condomínio Quinta do Amarantes
Local das oficinas: PASES

JULHOAGOSTOSETEMBRO OUTUBRONOVEMBRO
30/0701/0810/0908/1019/11
13/0824/0922/1026/11
18 /08  
29/10
27/08
 
Apareçam!
 
Adriana Monteiro da Silva e Veridiana Lopes

domingo, 14 de agosto de 2011

Sociopoética, erros, acertos e outras coisitas mais...

Ontem, 13.08.2011, após a construção coletiva sobre o cronograma e quais seriam os temas geradores, feita nas duas oficinas anteriores, dei início às temáticas propriamente ditas e realizei a oficina: "Direitos Humanos - o que é isso?" no PASES.

A comunidade escolheu o atendimento para crianças e adolescentes. Por isso, eu e Veridiana nos dividimos em duas turmas: eu fiquei com as crianças de 06 a 11 anos e a Veridiana com os adolescentes de 12 a 19.
Para realizar o trabalho, escolhi aplicar a sociopoética. Esta metodologia foi apresentada à equipe pela querida colega Andreia Marreiro no Seminário Metodológico. Li alguns textos encaminhados pela Andreia e sua monografia que serviram para embasar o meu trabalho realizado com as crianças.

Além de mim e da Veridiana, estavam presentes como voluntários e observadores: três assistentes sociais da comunidade (Angela, Cida e Magna); meus primos: Helena Monteiro, Antonio José, Socorro Monteiro e Etiéne Monteiro; membros da entidade: Felipe, Júlio e Giovana.

O trabalho começou um pouco atrasado devido à demora na entrega do lanche e quando iniciamos as crianças pareciam já estar cansadas... Antes do lanche havíamos feito algumas brincadeiras aguardando a chegada da alimentação e foi um momento de riqueza, sorriso e muita descontração.

Após o lanche, nos dividimos em duas salas e dei início ao meu trabalho. Comecei repassando com eles o porque estávamos ali, quem éramos nós e o que faríamos ao longo do trabalho. Isso se fez necessário porque haviam algumas crianças que não estavam presentes nos encontros anteriores.

Para esta primeira oficina com a sociopoética, resolvi "plagiar" descaradamente a Andreia Marreiro, pois ainda me sinto um pouco insegura em relação à metodologia, e comecei pedindo que fizéssemos nossos crachás de identificação. Com lápis de cor, canetinha, lã e giz, os meninos e meninas deram início aos trabalhos com muita alegria e confeccionaram seus crachás. A maioria escolheu ser chamado pelo nome, mas surgiram crachás engraçados como "roqueira" e "campeão".

Depois da confecção dos crachás, apagamos as luzes da sala e assistimos a dois vídeos na tela do meu notebook. A reação da criançada aos vídeos foi fantástica. Eles prestaram muita atenção, pois o som estava baixo e se esforçaram muito para entender o que estava sendo falado.





Depois de assistirmos ao vídeo, conversamos sobre o que havia sido falado, o que eles tinham entendido e sobre os sentimentos que aqueles assuntos despertam neles.

Os direitos que eles consideraram mais importantes foram: alimentação, convivência familiar, nome, liberdade, educação e brincar. Alguns relataram sobre o fato de serem "xingados" pelos coleguinhas - uma pelo peso acima dos padrões, outro porque é negro. Alguns falaram sobre trabalho infantil. Uma das crianças falou sobre homoafetividade e sobre como uma das pessoas da comunidade é discriminada.

Após esta discussão, propus uma dinâmica de relaxamento para que fizéssemos uma viagem sobre o nosso "corpo do direito", nos termos que seguem:

Meus amores, agora vamos deitar e fechar nossos olhos, procurem relaxar, deixar os olhos bem fechados e liberar a mente. Vamos agora viajar... Viajar pelo corpo do direito. Pensem no seu corpo, viaje por cada partezinha dele... comecem pelos pés... são eles que seguram o seu corpo... que garantem a você a alegria de poder ficar em pé e caminhar... são eles que sustentam o seu corpo... sintam o pé do direito...devagarzinho, sintam seus dedinhos do pé, o pé inteiro, e pensem no direito que estes pés garantem a você... o direito de ir e de vir... vamos subindo devagar até as nossas pernas... sintam sua panturrilha, sua coxa, pensem em quantas vezes vocês usaram estas pernas para brincar, correr, jogar bola, subir em árvore, pular e elas são as pernas do direito... vamos subindo nos nossos órgãos que nos definem como menino ou como menina, que permitem a vida, que permitem a reprodução humana... sintam o direito à vida... obrigado, meu Deus pela nossa vida... continuemos subindo... vamos pra barriga, que abriga o alimento... o umbigo que nos alimentou enquanto éramos apenas um neném na barriga de nossas mães...  eles são a barriga do direito e o umbigo do direito... vamos subir para o nosso peitoral, o nosso coração... sinta como ele pulsa sem parar... ele é o coração do direito... os nossos pulmões... respire bem fundo e solte bem devagar... respire mais fundo e solte... continue respirando e agradeça a Deus este ar que entra dentro dos seus pulmões, que oxigena o seu corpo e a sua mente por meio deste pulmão do direito... agora sinta seus braços, os braços que te permitem tantos movimentos, as mãos, com que você escreve, come, desenha, brinca... sinta suas mãos e cada dedinho...  elas são as mãos de tantos direitos... sinta agora o seu pescoço, sua garganta , como ele segura a nossa cabeça e nos permite girá-la para um lado e para o outro... ele é o pescoço do direito... siga seu queixo... sua boca... quantas coisas a boca do direito pode fazer... a boca do direito de falar... de sorrir... de comer... de reclamar...  e o nariz... olha aí o nariz do direito... sem este nariz você não estaria vivo... é ele que permite que o ar chegue até os seus pulmões... e os olhos... os olhos do direito... o direito de olhar, de enxergar a justiça e se alegrar... de enxergar o que não é justo e tentar melhorar... o direito de querer mudar o mundo... de chorar quando está triste... estes são os olhos do direito... e os ouvidos do direito??? São eles que permitem que vcs me escutem agora... que ouçam sua música preferida, que ouçam o som dos pássaros, o latido do cachorro... Obrigado pelo ouvido do direito... Vamos agora ao seu cérebro... é ele que pensa... que manda em todo o seu corpo... se você quiser mexer o dedinho do seu pé agora, o cérebro precisará trabalhar antes dele. É ele que permite que você estude, aprenda, deseje... Este é o cérebro do direito... Vamos agora pensar nesta viagem que fizemos pelo nosso corpo do direito...
Qual foi a parte desta viagem pelo corpo do direito que você mais gostou? Porque você gostou tanto? Teve algo que você não gostou?
Vamos agora cada um pegar um de papel e desenhar a nossa parte do corpo do direito preferida. Ao lado escreva o que você sente e pensa sobre essa parte do corpo do direito.
Durante a dinâmica, alguns meninos relaxaram, outros permaneceram agitados. Tentando chegar um pouco mais perto deles, me abaixei para fazer carinho e tentar que relaxassem um pouco mais, mas sala era quente e pequena, o que contribuiu para que eles não relaxassem como eu gostaria.

Ao terminar a dinâmica, colhi alguns depoimentos deles sobre o que sentiram, mas achei que não seria produtivo pedir que desenhassem sobre o assunto. Distribuí massinhas e deixei eles à vontade.

Dificuldades: 1) pouco material pedagógico. O material de almoxarifado não atende crianças. Por isto, precisei comprar massinha, tinta, canetinhas, lápis de cor, tesoura, cola, l, papel criativo, cartolina, papel de presente, eva, etc , mas acho que é pouco material para muita criança e precisarei correr atrás de doações. 2) salas pouco ventiladas, pouco espaço e sem recurso pedagógico (TV, DVD, etc); 3) o lanche foi ótimo, mas demorou muito para chegar e atrasou as oficinas; 4) a gasolina ainda não foi disponibilizada.

Saldo: positivo, com toda certeza! Reconhecimento de direitos essenciais e uma primeira conversa sobre a criação do núcleo de direitos humanos. A comunidade é 10 e o PASES é uma entidade que orgulha a todos nós!

Sobre a oficina de adolescentes, sei que foi igualmente positiva pelos relatos da Veridiana.

Sigamos!

Adriana Monteiro da Silva

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

PASES: um namoro que começa cheio de paixão!







Eu nunca tinha ouvido falar do "Projeto Assistencial Sementes da Esperança - PASES" até vê-lo na lista das possíveis comunidades com as quais trabalharíamos. Eu havia me proposto a trabalhar com outras duas comunidades e por isso, no Seminário Metodológico, não cheguei a tomar conhecimento de como esta entidade funcionava.

Mas, a vida é maravilhosa e me reservou a grata e feliz surpresa de ir trabalhar naquela comunidade. O PASES está localizado numa área rural da Ceilândia, no INCRA 9. Rural não porque tem uma produção própria, como a agricultura, o artesanato, que traga sustentabilidade ao povo da região, mas simplesmente porque está longe da cidade.

O PASES existe há cerca de um ano e meio e atende 128 crianças e adolescentes e mais de 80 famílias em todos os Núcleos.
O CEDEC - Creche Escola Deus é Conosco, fechou o 1° Semestre com 58 crianças até 5 anos.
O CRER SER - Núcleo de Complemantação Escolar, com 45 crianças até 12 anos.
O SEMPRE ALERTA - Núcleo de Assistência e Apoio, com 25 adolescentes e 50 famílias assistidas.
O MUB - Mulheres da Benção - Núcleo de Evangelização e Produção, com 32 mulheres ativamente participantes.

A participação e o empenho da Diretora do Projeto e de toda equipe de voluntários impressiona... Percebe-se com clareza a alegria das crianças e das famílias em relação àquele espaço e isso é muito estimulante.

Eu e Veridiana fizemos uma primeira oficina na tentativa de conseguir definir os temas geradores.

Então, estamos nos conhecendo e reconhecendo... São muitos olhares, risos, falas ainda tímidas... Mas, com certeza, posso dizer que já estou apaixonada por esta entidade, onde o amor pelo próximo parece ser o que mais importa.

Adriana Monteiro da Silva

Economia Solidária

O Projeto Educação Popular e Direitos Humanos, na sua fase de aproximação das comunidades, percebeu o laço que vários grupos tem com a Economia Solidária. Alguns grupos, ou atores sociais participantes do projeto já possuem atividades no formato de cooperativas, associações, ou uma outro tipo de organização para geração de renda, por isso, segue um link do Blog Biblioteca do Mercado Solidário http://bibliotecaescoladomercadosolidario.blogspot.com/
Esse Blog é coordenado pela Adriana Silva (monitora do projeto) que posta material relacionado e essa temática. o Blog faz parte de uma trabalho maior, chamado Mercado Solidário http://www.mercadosolidario.org.br/ que se constitue em uma plataforma criada para trocas (saberes, produtos e serviços).
O Mercado Solidário também trabalha na perspectiva de educação, por meio do https://sites.google.com/a/blogescola.org/blogescola/.
Visite!

Projeto Educação Popular em Direitos Humanos

Este é o blog do Projeto Educação Popular em Direitos Humanos. A iniciativa de criá-lo veio da necessidade de tornar transparente nossa atuação nas comunidades, de trocar idéias com outros educadores populares e de encorajar o surgimento de novos colaboradores.
O Projeto "Educação Popular em Direitos Humanos" surgiu de uma parceria da Secretaria de Direitos Humanos com o Ñúcleo de Estudos para Paz da Universidade de Brasília.
O processo seletivo buscava a contratação de 2 coordenadores e 10 monitores para capacitação em direitos humanos de 500 atores sociais no DF e Goiás.
Após a seleção, participamos de um Seminário de "capacitação" onde iniciamos a construção metodológica das oficinas, selecionamos as comunidades que poderiam ser atendidas e verificamos as possibilidades destas atuações.
Neste primeiro momento, já iniciamos o nosso trabalho de pesquisa em 8 comunidades: Movimento por uma Ceilândia Melhor - MOPOCEM, Projeto Assistencial Sementes da Esperança - PASES, Nova Viver - Estrutural, Centro de Atendimento Juvenil Especializado - CAJE, Presídio Feminino do DF, Casa da Juventude de Goiânia, CAPS/GO e Coletivo da Juventude Rural de Goiás.

Coordenação no NEP: Prof. Salete Machado
Idealizadores: Gilles Gomes e Livia Gimenes.
Coordenadoras: Carla Miranda e Veridiana Lopes Pereira.
Monitores: Adriana Monteiro da Silva, Adriana Silva Alves, Ana Laura Vilela, Andreia Marreiro, Bruna Junqueira Ribeiro, Claudia Jeane, Juliana Gonçalves, Klaudio Porto, Rayla Costa, Vitor Alencar. 
Voluntários: César e tantos quantos quiserem se juntar a nós.